6/02/2006

GRUPO 5

2ª proposta

O CONCEITO:

Fragilidade.

Não a fragilidade que conduz à decadência e à morte. Antes (e nos antípodas desta), u ma fragilidade que rege as dimensões da existência humana que mais resistem à morte. Trata-se de uma fragilidade resistente. Explicitando melhor:

Existem inúmero factores que alicerçam o mundo tal como cada de nós o constrói e compreende, que não são da ordem do sólido, do firme, do quebrável.

O intelecto; a vontade; a esperança; a coragem; a memória; as referências tácteis e olfactivas que nos permitem reconhecer objectos, lugares, seres; os sentimentos que unem corações; as ideias que transformam o rumo das vidas; a consciência; o desconforto; a inadaptação; as conversas de alguém já distante, impossíveis de esquecer; a imaginação; a música; a linguagem; a cor das flores caídas no chão à porta desta SNBA; a necessidade de criar...

Tudo isto (apesar das múltiplas intersecções com outras dime nsões de distinta natureza) é da ordem do frágil - não do sólido. O que não impede que a sua densidade possa tornar-se, em muitas circunstâncias, quase palpável. Mais: as suas consequências poderão, certamente, sê-lo.

Procurou-se uma representação material que transmitisse esta condição intrinsecamente paradoxal da fragilidade resistente.
Procurou-se uma imagem que, por um lado, inspirasse extrema precaridade estrutural mas que, por outro lado, surpreendesse pela sua improvável robustez.

A PROPOSTA DE TRABALHO:

Um castelo de cartas invisivelmente unido, instalado sobre um suporte neutro (pensou-se numa das bases brancas utilizadas, por vezes, nas aulas), numa zona exposta à passagem de pessoas (átrio principal ?). Dirigido ao castelo de cartas, seria colocada uma ventoínha em funcionamento.

A ventoínha não simbolizará nem intempérie nem oposição, na medida em que se espera que o castelo resista à deslocação do ar (fragilmente resistente). Pelo contrário, a ventoínha acentuará a (imprevisível) coesão do objecto, reforçando o poder criador e interveniente que a fragilidade humana pode desenvolver.