T.A — Grupo 1
1 – SITUAÇÃO
Como último trabalho do ano lectivo 2004/2005 do Curso de Iniciação à Pintura da SNBA, pretende-se a criação de um espaço identitário no interior do edifício da SNBA por grupos de alunos do referido Curso, sem provocar alterações de funcionalidade do lugar escolhido, alterando-lhe, no entanto, a morfologia, através da cenografia, imagens, vídeo ou som.
Os trabalhos deverão ser documentados com dossiers próprios, contendo os respectivos projectos de intervenção, nos quais deverão ser mencionados os materiais necessários, e ilustrados com fotografias, textos ou quaisquer outros meios.
2 - CONDICIONAMENTOS E DEFINIÇÃO
O Grupo de Trabalho (GT) entendeu que a intervenção a levar a cabo deveria ser:
- criativa
- comunicativa
- plástica
- interactiva
- intervencionista quanto à imagem do lugar escolhido
- crítica quanto a aspectos de funcionalidade da SNBA
O GT interiorizou a limitação imposta relativa à estrutura arquitectónica e funcional do edifício da SNBA.
3 - ANÁLISE DO PROBLEMA E DOS DADOS OBTIDOS. SOLUÇÃO
Após ter levado a cabo a selecção dos espaços considerados próprios para uma intervenção do género pretendido e atento às condições existentes, tais como aos materiais exigidos, às tarefas a realizar, ao tempo disponível, à consistência, verificação e validação do projecto, o GT decidiu pela solução constante da MEMÓRIA DESCRITIVA que a seguir se apresenta.
4 - MEMÓRIA DESCRITIVA
A Memória Descritiva, agora exposta, diz respeito a uma intervenção no espaço correspondente ao canto direito, em relação à entrada, do hall da SNBA, onde se encontra um banco e uma janela para o exterior.
Atribuiu-se a esse espaço a característica específica de ser o local, na SNBA, onde as pessoas ESPERAM, por alguém ou por alguma coisa.
Especulando e reflectindo sobre o conceito de ESPERA - aguardar por - pareceu que o mesmo poderia constituir uma boa base de partida para a concepção de uma intervenção naquele espaço.
Assim, das considerações e análises feitas e que, em consciência, não esgotam o assunto, retiraram-se as conclusões que a seguir se apontam como fundamentais para a concretização da solução escolhida:
- as pessoas quando esperam, ESPERAM por alguém ou por alguma coisa;
- nessas circunstâncias, as pessoas, em princípio, esperam com um objectivo determinado, que têm como bom e agradável e esperam consegui-lo através do acto de esperar, isto é, esperam com ESPERANÇA;
- por outro lado, a espera tem custos físicos e psicológicos. Existe desgaste na espera. No limite, as pessoas sofrem durante a espera. Existe DOR;
- inerente ao conceito de ESPERA existe o conceito de TEMPO. Gasta-se sempre tempo independentemente de o virmos a considerar bem ou mal gasto ou muito ou pouco ou nada compensatório.
Raciocinando sempre de modo imediato, poderá concluir-se que as pessoas que
esperam:
- têm ESPERANÇA
- gastam TEMPO
- sofrem DOR
A ESPERANÇA, o TEMPO, a DOR são conceitos ligados à VIDA. A VIDA mede-se, ou antes, há processos de avaliação objectiva da VIDA. Há tecnologias que nos informam quanto aos níveis de funcionamento dos diversos órgãos que nos ligam à VIDA. Um desses órgãos, eleito como o mais vital, é o coração e um dos registos mais comumente aceite como um indicador válido e imediato do seu estado de funcionamento é o registo eléctrico dessa actividade. É o chamado ELECTROCARDIOGRAMA.
Destes juízos surgiu a ideia de colocar no local considerado como o lugar privilegiado de ESPERA, na SNBA, exemplares de registos eléctricos da actividade cardíaca e acompanhá-los com sons correspondentes aos respectivos batimentos.
5-PROPOSTA
a- Colocar duas placas de acrílico transparente de 1,25 mx0,20 m cada, na janela do lado direito do hall de entrada da SNBA;
b- Nessas placas, colar dois registos de electrocardiogramas, proporcionalmente aumentados, em relação às dimensões das placas;
c- Colocar um gravador junto do banco situado por baixo da janela, com as gravações de sons de ritmos cardíacos;
d- Colocar, por baixo do referido banco, altifalantes para difusão aumentada dos referidos sons;
e- Colocar, em local a escolher, uma pequena placa gravada com o nome do trabalho e que será — ESPERA.
Joaquina Pedrosa
Tereza Zuzarte
João Serôdio
Esmeralda Pontes
Luisa Baptista
Helena Castelhano